Magistrado desconsiderou pedido de réu, que solicitava análise de novas provas anexadas nos autos para tentar inocentá-lo no processo
“A decisão embargada fora proferida sem análise de diversos elementos documentais que demonstram, sim, não só a efetiva prestação de serviços correspondente à contraprestação paga ao embargante [o advogado] pela Andrade Gutierrez, mas escancara que as afirmativas dos lenientes são mentirosas”, argumentou.
Alcoforado foi incluído no processo por, supostamente, conforme acusam os lenientes, ter recebido vantagens da construtora para a qual prestava consultoria a título de honorários devido por Agnelo. Pela acusação, o avogado chegou a representar no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) uma integrante do MPF que integrou a força-tarefa.
Defesa ao longo do processo
Na decisão, o magistrado rejeita a argumentação do advogado e decidiu manter a ação para que cada réu se defenda no decorrer do processo judicial.
“A inicial descreve de forma satisfatória a prática de atos que, ao menos em tese, podem caracterizar ato de improbidade administrativa. Da mesma sorte, houve suficiente individualização das condutas, tal como se verifica, em particular, da narrativa constante da petição inicial. Tais circunstâncias permitem aos requeridos não apenas o pleno conhecimento dos fatos que lhes são imputados, mas, também, o exercício do direito de defesa ao longo do iter procedimental, não sendo possível falar em inépcia da inicial ou em cerceamento de defesa pela não individualização das condutas.”
Em fevereiro, o mesmo magistrado havia determinado um novo bloqueio de bens dos ex-mandatários do Governo do Distrito Federal (GDF) no mesmo processo. Segundo o juiz Paulo Afonso Cavichioli Carmona, há elementos sólidos que comprovam as condutas ilícitas. O valor total do bloqueio chega a R$ 172,3 milhões.
No caso de Agnelo, pelo menos R$ 19,5 milhões foram bloqueados apenas neste processo. No de Filippelli, o valor ultrapassa R$ 24 milhões. Eles são acusados de chefiar um possível esquema que resultou nas obras do Mané Garrincha, considerada a mais cara do Brasil para a realização da Copa do Mundo de 2014.
A obra do Estádio Nacional de Brasília foi contratada, inicialmente, por R$ 696.648.486, mas, após 25 termos aditivos, o valor final alcançou R$ 1.184.874.854, com acréscimos que representaram 70% superiores à estimativa inicial, tornando o empreendimento mais caro entre as arenas construídas para mundial de futebol no Brasil.
Além dos políticos, foram alvo da Operação Panatenaico que tiveram os bens bloqueados a ex-presidente da Terracap Maruska Lima; o ex-presidente da Novacap Nilson Martorelli; os engenheiros civis Alberto Nolli Teixeira e Pedro Afonso Almeida, da Via Engenharia; e o sócio-administrador da empresa, Fernando Queiroz.
Veja a decisão:
Fonte: Metrópoles